segunda-feira, 23 de julho de 2012

MISSÃO POSSÍVEL

Lendo a introdução de algumas Bíblias a respeito da epístola escrita aos Hebreus, podemos logo perceber o contexto histórico e o motivo pelo qual essa carta foi escrita:

Os cristãos dessa época eram maduros o suficiente para pregar o Evangelho, porém estavam a um passo de se afastar da fé. Eles eram uma minoria perante a nação, considerados como traidores, eram ameaçados, sentiam-se isolados, oprimidos, desanimados e tentados a voltar ao Judaísmo.
Para impedir, foi escrita esta epístola, cujo propósito é demonstrar a superioridade de Jesus Cristo sobre todos os mediadores do Antigo Testamento e da Nova Aliança sobre a Antiga. Para se ter uma ideia, um hebreu que quisesse abandonar Cristianismo, para ser readmitido à sinagoga, precisava:
Negar que Jesus fosse o Filho de Deus.
• Declarar que o Seu sangue fora justamente derramado como o de um malfeitor.
Atribuir os dons do Espírito à operação de demônios.

Assim como aconteceram com os judeus crentes daquela época, quantas vezes não nos sentimos desanimados e enfraquecidos devido a tantas perseguições e reprovações? Talvez alguns têm até pensado em desistir, em voltar para a antiga fé. Mas eu preciso te dizer algo:
DEUS TEM UMA MISSÃO PARA VOCÊ
Quando se fala sobre isso, eu sempre imagino os soldados de um exército quando saem para uma missão. Eles tem um comandante, são instruídos e treinados.
O comandante de nossa missão quer nos passar algumas INFORMAÇÕES sobre ela.
                                        
TEXTO: Mc 16:15 (Essa é a missão) 
A 1ª informação q vc precisa saber sobre ela é:

Essa missão é sua. Como já foi dito: DEUS TEM UMA MISSÃO PARA VOCÊ (Individualmente).
Você pode pensar que essa missão é para pastores, evangelistas... é verdade, essa missão é deles. Mas o Senhor também te deu essa missão.
Você ainda pode estar se perguntando: Eu? Por que eu?
VOCÊ foi escolhido pelo Pai para isso (João 15:16): Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça.
Nós fomos escolhidos pelo Pai e há uma razão para isso (para que vades e deis frutos).
Outro dia, estava conversando com uma pessoa idosa sobre algumas passagens da Bíblia. Ela me fez várias perguntas. Compartilhei algumas mensagem de Jesus sobre a vida eterna, como a de João 3:16. Eu achava que ela fosse familiarizada com a promessa de Deus de vida eterna através de Jesus Cristo. Ela ficou muito curiosa, para ela muitas coisas eram novidade. Eu confesso que fiquei surpresa, pois achava que ela já conhecia tudo aquilo.
Mas o Senhor me mostrou nesse dia que nós não podemos presumir que as pessoas que encontramos conhecem as verdades da Bíblia e que estão preparadas para a vida eterna.
Quantas vezes você deixou de falar do amor de Deus a alguém, pois presumia que esse alguém já sabia? Talvez por ser uma pessoa de idade ou por ser religiosa. Todos os dias, você precisa encontrar oportunidades para compartilhar as boas novas com as pessoas que te cercam, se você não for e falar, alguém falará, o mundo falará, os ímpios, os adivinhos, os que consultam os mortos... e esses tem disposição, não tem vergonha de falar.
Mas Deus tem um recado para você que está em 1 Pedro 5:8 - “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;
Os peixes que o Pai colocou debaixo de sua rede só competem a você pescar.
 Outra informação do comandante:

VOCÊ tem o dever de cumprir sua missão, posso citar dois motivos para isso: 
1)   Por amor ao próximoMc 16:16 - Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. 

Em Rm 10:13-15 está escrito: Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?
E como pregarão, se não forem enviados?

Em Rm 13:9 e Mt 22:39 está escrito:  Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Amar ao próximo é um mandamento do Senhor. Se você tem buscado o caminho do Senhor é porque um dia você ouviu de alguém, eu ouvi de alguém.

Será que você tem amado o seu próximo como a si mesmo? Será que você tem amado o seu próximo o suficiente para desejar a salvação dele? Qdo você deixa de pregar, fecha as portas dos céus para muitas pessoas.

1Cor 13:1: Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. Precisamos amar as pessoas para que elas nos entendam. Ame primeiro, pregue depois.

2)   Anunciar o Evangelho é uma ordenança do Pai!  Sendo assim, nem precisamos de motivos para cumprir essa missão.
(At 5:42): E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo. 
A Igreja foi estabelecida como exército evangelizador de Deus na terra e sua missão primordial não é outra senão pregar o evangelho em todo tempo. Você é a igreja. É sua obrigação.
(1 Cor 9:16-17): Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho. E por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio;

Você já parou para meditar nesse versículo? Anunciar o Evangelho não é facultativo, não é uma opção. Ai de nós, amados, se não anunciarmos o Evangelho.
Você já está alistado nesse exército... e não há dispensa médica, nem por excesso de contingente, foi o Senhor que te alistou (Eu vos escolhi a vós)... mas observe o v.17  (E por isso, se o faço de boa mente, terei prêmio). O exército secular também recebe prêmios (medalhas), mas o exército de Deus recebe um prêmio especial (galardão)! Deus é bom! Você tem o dever de cumprir qualquer missão dada por Ele.

Outro dia ouvi uma história de um menino que estava sentado junto ao portão que dava acesso à propriedade de seu pai, quando Napoleão se aproximou com seus homens e queria cruzar aquela propriedade, porém, o menino o impedia. O Imperador gritou com ele: “Menino, eu sou Napoleão Bonaparte, o Imperador. Abra este portão!”. Muito educado, o menino tirou o chapéu, e perguntou? “O senhor vai querer que eu desobedeça meu pai? Este portão está fechado, aqui ninguém passa, conforme meu pai determinou!”. Napoleão virou-se para seus generais e disse: “Dêem-me mil homens como este, e conquistarei o mundo todo”, e foi-se por outro caminho.

Se cada um de nós fizer a sua parte, sendo obedientes, podemos conquistar o mundo para o Senhor, através do Espírito Santo. A quem você tem obedecido?
Importa antes obedecer a Deus que aos homens! Atos 5.29

Já vimos que Essa missão é para VOCÊ, VOCÊ tem o dever de cumpri-la. Chegamos à terceira informação:
Deus, o seu Comandante, te dará condições para cumprir sua missão
Jesus prometeu um PODER SOBRENATURAL aos que crerem (Mc 16:17-18)
E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome (procuração dada por Jesus) expulsarão os demônios (poder sobre demônios); falarão novas línguas (poder pentecostal);
Pegarão nas serpentes
(poder sobre as setas); e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum (poder sobre a morte); e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão (poder sobre as enfermidades). 

Você pode estar pensando “mas eu não tenho esse poder”... Você precisa crer....
Esse PODER SOBRENATURAL não pode ser comprado, nem aprendido em cursos, não vem de nós para que não nos orgulhemos disso. Toda a honra é do Senhor. Você só precisa crer. Quando Deus te chamou para essa missão Ele não perguntou se você tinha diploma, dinheiro, nível intelectual avançado. Seu diploma é concedido pelo Espírito Santo.
Pesquisei outro dia sobre Charles Spurgeon e pude perceber que muitas vezes a nossa vontade é diferente da vontade de Deus. Muitas vezes estamos ávidosa pregar para grandes plateias, mas Deus pode estar querendo que você fala para uma só vida...
Spurgeon era filho e neto de pastores. Mas, somente aos 15 anos, ocorreu seu verdadeiro encontro com Jesus. Segundo os livros que contam a história de sua vida, Spurgeon orou, durante seis meses, para que, "se houvesse um Deus", que Ele pudesse falar-lhe ao coraçăo, pois se sentia o maior dos pecadores. Spurgeon visitou diversas igrejas sem, contudo, tomar uma decisăo por Cristo. Certa noite, porém, uma tempestade de neve impediu que o pastor de uma igreja local pudesse assumir o púlpito. Um dos membros da congregaçăo - um humilde sapateiro - tomou a palavra e pregou de maneira bem simples uma mensagem com base em Isaías 45.22: Olhai para mim e sereis salvos todos os termos da Terra. Desprovido de qualquer experiência, o pregador repetiu o versículo várias vezes antes de direcionar o apelo final. Spurgeon năo conteve as lágrimas, tamanho o impacto causado pela Palavra de Deus. Segundo uma de suas biografias, o maior auditório em que pregou continha, exatamente, 23.654 pessoas. Spurgeon batizou 14.692 pessoas. Na ocasiăo em que ele morreu - 11 de fevereiro de 1892 -, seis mil pessoas leram diante de seu caixăo o texto de Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos.”

Se o humilde sapateiro não tivesse tido ousadia naquela noite, muitas pessoas poderiam ter deixado de conhecer Jesus através da vida de Spurgeon.

Reflita: Será que você se disporia a pregar se o pastor de sua igreja faltasse? Creia, primeiramente... e esteja sempre pronto, pois você pode não ter outra oportunidade de falar do amor do Pai para aquela pessoa que Deus colocou na sua frente naquele momento. Apenas confie e obedeça, fazendo o que você sabe que Deus quer que você faça, então Ele te mostrará como fazer.

4ª e última informação:
    A criação anseia pelo cumprimento dessa missão
Rom 8:19 - Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Outra versão (NVI) diz: aguarda, com grande expectativa. 
Quem é a criação? É o teu próximo. Quem é o teu próximo? São as pessoas de sua família, seus vizinhos, seus amigos e mesmo os que você nem conhece.  Essa missão trará cura e libertação.
Muitas vezes quando ouvimos falar em “Ide e pregai” pensamos em missões na África, no Oriente Médio, no Nordeste... mas a resposta do Senhor podemos encontrar meditando em Atos 1:8 - Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra. 
4.1 Jerusalém: pode ser comparada as pessoas mais próximas (casa, família, amigos)
4.2 Judeia e Samaria: pessoas conhecidas (outros bairros, cidades)
4.3 Até os confins da Terra: não conhecidos (outros estados/países)

Sua viagem deve começar em sua casa, bairro, filas de banco e até outros países.
Quantas vezes você tem deixado de cumprir sua missão, de falar do Senhor, pois julga que não está no lugar oportuno ou com a pessoa certa? Às vezes você julga que a pessoa não está preparada para ouvir... Quem é você para julgar? Quem somos nós para julgar? Eu te desafio a mudar de atitude, que o Espírito Santo te leve de volta ao primeiro amor quando tudo o que era mais importante era falar do Senhor para todos que você encontrasse. Quantas pessoas você conhece e sabe que precisam de uma palavra? Hoje ainda, você pode retomar sua missão, você pode encontrar alguém, ou quem sabe telefonar para alguém e dizer para essa pessoa que Jesus a ama. Amados, o inimigo também tem um exército e pode estar alistando para ele pessoas da sua família, do seu trabalho... Sede sóbrios, vigiai!

A Bíblia diz que “recebemos Dele tudo o que pedimos, porque obedecemos aos seus mandamentos e fazemos o que lhe agrada” (1 Jo 3:22). Diz ainda: Quão formosos os pés dos que anunciam o evangelho de paz; dos que trazem alegres novas de boas coisas. (Rm 10:15)
O que somos sem o Senhor? Sem Deus qualquer missão se torna IMPOSSÍVEL
Mas através da Palavra de Deus e do revestimento do Espírito Santo nossa MISSÃO se torna POSSÍVEL. Eu espero que ao terminar de ler isso, você fique com algumas certezas:
ESSA MISSÃO É PARA VOCÊ,
VOCÊ TEM O DEVER DE CUMPRIR SUA MISSÃO,
DEUS TE DARÁ TODAS AS CONDIÇÕES PARA CUMPRI-LA e que
A CRIAÇÃO ANSEIA PELO CUMPRIMENTO DESSA MISSÃO.
Para terminar, a Palavra do Senhor em Isaías 6:8 diz:
Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim”. 
Converse com o Senhor nesse momento: 
Você tem cumprido essa missão do Pai? Ou será que você tem sentido vergonha? Pode ser que você não esteja tendo tempo... Pode ser que lhe falte conhecimento da Palavra do Senhor... Pode ser ainda que você tenha medo... medo de não ser bem recebido, de ser chamado de fanático, de afastar as pessoas...
Quantas pessoas você conhece que precisam de uma palavra de salvação?
Aí você pensa: “Ahhhh... mas eu já falei para tantas pessoas e elas até tem andado com o Senhor.”
Mas Deus te lembra: “Filho, e aquelas pessoas para quem você deixou de falar? Ainda se lembra delas? Eu me lembro delas...”. O inimigo e seus seguidores sabem quem elas são, e como eu já disse anteriormente: esses não tem vergonha, eles arranjam tempo, não tem medo.
Para quantas pessoas você pelo menos tentou falar do amor de Deus hoje?
Será que Deus te julgará pelas vidas que você resgatou para Ele ou por aquelas que você nem tentou resgatar?
Talvez você saiba que pode fazer mais do que tem feito para cumprir sua missão, mas te falta algo, de repente você precisa de mais sabedoria, de mais ousadia, de mais fé, de mais tempo, até mesmo de mais vontade, não sei, mas Deus conhece suas necessidades... se você tem o desejo de fazer mais dentro desse contingente comandado pelo Senhor dos Exércitos, ore comigo.
“Querido Deus, nós te agradecemos por esse ensinamento, nós te louvamos pelo teu grande amor e por suas misericórdias e te pedimos: nos capacite. Sem ti não seremos capazes, pois a tua Palavra diz que não é por força nem por violência, nos revista com o Espírito Santo e afasta de nós tudo que nos afasta de ti. Perdoa-nos por todas as vezes que já deixamos de falar do Teu amor para alguém, abra os nossos olhos espirituais, nos dê mais amor pelo próximo, nos dê sabedoria, disposição, entendimento e fé. Pai amoroso, usa-nos como canal de bênçãos para todos que encontrarmos, nos ajude a enxergar as oportunidades que o Senhor nos dá diariamente. Faça-nos condutores da sua Palavra, por onde quer que andarmos e que a Sua vontade prevaleça sobre a nossa hoje e sempre. Recebe, Deus amado nossa oração, em nome de Jesus. Amém”

Christianne Ravagnani

segunda-feira, 18 de junho de 2012


Não andeis ansiosos por coisa alguma


“Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” Filipenses 4:6,7.

É indubitável que existem versos bíblicos que marcam nossa vida. Alguns deles, em ocasiões especiais, nos fortalecem e animam diante de situações que devemos enfrentar, outros têm que ver com nossa vida em geral e os entesouramos de tal forma que é difícil passar um dia sem nos lembrarmos deles. Há alguns que são necessários em nosso ministério e, às vezes, tão necessários que, a despeito de conhecê-los de memória, necessitamos abrir nossa Bíblia e lê-los e relê-los para que cada palavra exerça impacto em nossa mente e coração.

É isso o que acontece comigo com os versos de Filipenses 4:6, 7. Paulo aqui não se refere à preocupação normal e sadia que deve existir em nossa vida e que mostra nossa responsabilidade diante de diferentes situações de nosso ministério. O apóstolo conhecia bem esse tipo de responsabilidade,

Em 2 Coríntios 11:28, Paulo nos fala aqui da preocupação desmedida que tantas vezes se apodera de nós quando, diante de diferentes situações em nosso ministério, usamos nossas forças para querer resolvê-las. É aí quando somos tomados pela angústia e dominados mental e fisicamente. A ordem de Paulo, com base em sua experiência de vida, é não permitir que esse sentimento nos domine, mas que, através da oração, permitamos que o Senhor domine esses sentimentos, pois do contrário sermos destruídos por eles.

Muitas vezes não basta apenas a oração, necessitamos rogar, deixando de lado as generalidades para levar não apenas o problema, mas o que ele causa em nós, a Cristo. O apóstolo Paulo segue nos revelando essa terapia psicológica e espiritual pedindo que não nos esqueçamos das “ações de graças”. Que linda expressão, mas quão distante está do agradecimento que normalmente fazemos como parte de uma fórmula que mostra nossa cortesia para com o Senhor.

Essa ação de graças não acontece porque Deus necessita de nossos agradecimentos, trata-se de reconhecer não apenas em palavras, mas em nossa vida, que Deus nunca nos abandonou, que muitas vezes vimos como Ele interveio em nossa vida, carregando nossos problemas, solucionando-os ou nos dando forças para enfrentá-los. A consequência dessa ação de graças é o fortalecimento de nossa fé, é o saber com toda a certeza que assim como esteve conosco no passado, Deus estará conosco agora e para sempre.

O verso 7 nos mostra os resultados de levarmos nossas ansiedades a Deus. Quantas vezes o apóstolo passou por isso, quantas vezes nós passamos e tivemos a experiência de depositar nossos fardos em Cristo. A Paz de Deus, exatamente com maiúscula, é aquela que toma conta de nossa vida, mesmo sob as maiores tormentas, quando ouvimos a voz de Deus dizer: “Não temas que eu te ajudo”.

Pr. Álvaro Cáceres

segunda-feira, 30 de abril de 2012

O Livro de 1 Coríntios




1 Coríntios 1:1-31
Problemas em Corinto
Paulo visitou Corinto, uma cidade bem importante no litoral da Grécia, pela pri-meira vez, durante sua segunda viagem missionária (Atos 18). Ele permaneceu ali durante um ano e meio e, como resultado de seu trabalho, muitos se converteram ao Senhor e uma igreja começou. Depois que ele partiu, Paulo continuou a pensar nos irmãos que tinha ensinado e a orar por eles (1 Coríntios 1:4-5). Ele recebeu várias infor-mações sobre eles através da família de Cloe (1:11), Estéfanas, Fortunato e Acaico (16:17-18) e por carta (7:1). Escreveu-lhes várias vezes, incluindo-se pelo menos uma carta antes de 1 Coríntios (5:9).
A primeira carta aos coríntios ensina, adverte e até repreende quanto a vários problemas e questões que se levantaram na igreja. Desde que o ensinamento de Paulo era o mesmo em todas as igrejas (4:17), ele endereçava a carta tanto à igreja de Deus em Corinto como àqueles que invocam o Senhor em todos os lugares (1:2). Muitos dos problemas que os coríntios enfrentaram nós também enfrentamos; por isso, um estudo cuidadoso dessa carta pode ajudar-nos.
Introdução (1:1-9): Paulo apresenta a si mesmo e aqueles a quem ele estava escre-vendo (1:1-2), saúda-os (1:3) e lhes conta sobre suas orações por eles (1:4-9). Ele chama a atenção para o próprio Senhor (note com que freqüência Paulo se refere a Deus ou a Jesus) e sobre sua volta. Vários dos temas iniciais de Paulo nos preparam para discussões mais extensas no decorrer do livro: seu apostolado (9:1-18); a coerên-cia da revelação em todos os lugares (4:17; 7:17; 11:16; 14:33-34; 16:1-2); nossa dívida com Deus por tudo o que temos (3:1-9; 4:1-13, etc.), a volta do Senhor (capítulo 15).
Problema de divisão (1:10-17): A família de Cloe disse a Paulo que a igreja estava desenvolvendo um espírito partidário, declarando fidelidade a vários pregadores famosos. Paulo ficou horrorizado. Eles estavam tentando arrancar os membros de Cristo dividindo seu corpo. Paulo insistiu que ele não foi crucificado por eles e que eles não foram batizados no nome dele. De fato, ele se alegrava por ter batizado pessoalmente poucos deles, para que assim não tivessem base para dizer que eram "de Paulo".
Problema de sabedoria humana (1:18-31): A questão da divisão tinha origem num problema mais fundamental: uma exaltação da sabedoria humana, seja a filosofia grega, ou a visão judaica do rei conquistador, que é totalmente contrária ao caminho de Deus. O evangelho apresentando um Messias crucificado parecia absurdo para eles, como se falasse de "gelo frito." Mas Deus intencionalmente escolheu redimir o homem de um modo que o mundo considera loucura, para humilhar os homens. Seu lema é: "Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor" (1:31).
Perguntas para estudo pessoal:
  • Quais duas coisas seriam exigidas para que alguém pertencesse a Paulo? Então, quais duas coisas são exigidas para que alguém pertença a Cristo (1:13)?
  • O que buscam os sábios mundanos?
  • Por que Deus não escolheu os poderosos e os nobres?

1 Coríntios 2:1-16
Revelação pelo Espírito
Os coríntios exaltavam a sabedoria humana (capítulo 1). Em contraste, Paulo demonstrava que tanto o meio de salvação que Deus escolheu (a crucificação de Cristo 1:18-25) quanto o povo que Deus salvou (1:26-31) contradizem a sabedoria humana. No capítulo 2, Paulo mostra que Deus se revela somente através do Espírito; portanto, a sabedoria dos homens não pode chegar a conhecer Deus nem a aprender sua vontade.
Métodos de ensino (2:1-5): Deus escolheu uma mensagem simples que Paulo proclamou de modo direto. Ele não mostrou eloqüência retórica, mas simplesmente declarou Cristo e sua crucificação. Muitos líderes religiosos até hoje procuram projetar uma imagem de ostentosa autoconfiança; Paulo mostrou humildade, sentindo sua inadequação diante da tremenda tarefa de proclamar a vontade do Senhor. Sua recusa a fascinar sua audiência com seu próprio encanto e cultura deixaram a fé do povo repousando no Senhor e não nele mesmo.
Sabedoria de Deus (2:6-13): De fato, a salvação de Deus é sábia. Sua sabedoria, contudo, continua desconhecida pela elite do mundo. Desde que a sabedoria de Deus não pode ser descoberta pelo raciocínio humano, nenhum homem pode jamais chegar a entender a vontade de Deus pelo seu próprio entendimento ou pesquisa. Ninguém pode saber o que estou pensando a menos que eu lhe diga. Do mesmo modo, ninguém pode conhecer a mente de Deus fora da revelação que Deus fez aos seus apóstolos através do Espírito. Deus não revelou apenas o conteúdo geral de sua mensagem, mas deu as próprias palavras da Escritura. Assim, podemos chegar a saber a vontade de Deus revelada pelo Espírito quando lemos o que os apóstolos e os profetas escreveram no Novo Testamento.
O homem separado da revelação (2:14-16): Paulo contrasta o homem "natural" e o homem "espiritual". O homem "natural" é o que não aceita a revelação de Deus, a Bíblia. Seu horizonte é limitado pelas coisas da vida. Ele não pode conhecer Deus porque é somente através da palavra de Deus que uma pessoa pode chegar a entender qual é sua vontade. O homem "espiritual" ouve as Escrituras e confia no que Deus revelou. Enquanto as pessoas mundanas consideram tolo o homem "espiritual", isso não importa; afinal, foram os sábios deste mundo que crucificaram o próprio Senhor da glória (2:8).
A auto-revelação direta de Deus, impossível de ser descoberta pelo engenho do homem, envergonha todas as tentativas de exaltar a sabedoria humana.
Perguntas para estudo pessoal:
  • Qual era a maneira de Paulo pregar?
  • Por que Paulo não tentou impressionar o povo em sua pregação (2:5)?
  • Por que os homens não podem saber a vontade de Deus pelos seus próprios sentimentos e intuição?
  • Qual é a diferença entre o homem "natural" e o homem "espiritual"?

1 Coríntios 3:1-23
Cristãos Carnais
Paulo tinha repreendido os coríntios por seguirem os homens e exaltarem a sabedoria mundana. O capítulo três declara a causa radical desses pecados: a carnalidade.
Carnalidade (3:1-4, 18-20): Paulo repreendeu os sintomas da espiritualidade infantil dos coríntios: Œ Sua alimentação. Eles não podiam tolerar carne forte (isto é, verdades espirituais profundas), somente leite (isto é, os fundamentos).  O ciúme e a discórdia. Os irmãos competiam entre si tentando mostrar-se superiores uns dos outros. Ž  Sua exaltação de pregadores. Os coríntios tentavam aliar-se com um pregador ou outro, criando partidos rivais.  Seu orgulho. Eles pensavam que eram sábios (3:18), cheios de conhecimento (8:2) e espiritualidade (14:37). Egoísmo e presunção cegavam-nos para suas verdadeiras necessidades espirituais.
Ensinamentos corretivos (3:5-9, 21-23): Paulo enfatiza a posição inferior dos pregadores. Eles eram meros servidores de Deus, mas é ele quem dá o crescimento e que recompensa os pregadores de acordo com seu trabalho (não de acordo com sua eloqüência ou inteligência). Além do mais, ciúme, rivalidade e jactância sinalizam sentimentos de inferioridade. Mas nenhum cristão precisa provar ou "reivindicar" nada porque Deus nos deu todas as coisas em Cristo.
Edifício de Deus (3:10-17): A igreja é o edifício de Deus, composto de Cristo como fundação e aqueles que são trazidos a Cristo como materiais de construção (veja Efésios 2:19-22; 1 Pedro 2:5). Paulo instrui pessoas que fazem três tipos de coisas para o edifício de Deus: lançar a fundação, construir sobre a fundação e destruir o edifício. Àqueles que estão lançando a fundação, ele insiste que Cristo seja o material exclusivo. Desde que a filosofia e a sabedoria mundana são vazias, aqueles que pregam o evangelho precisam pregar aquelas coisas reveladas pelo Senhor. Àqueles que estão construindo sobre a fundação ele encoraja o cuidado. Os construtores trazem vários tipos de pessoas a Cristo. Alguns são duráveis como ouro, prata e pedras preciosas; outros são altamente inflamáveis como madeira, feno e palha. No fogo (isto é, no tempo da tribulação e da tentação) a qualidade destes discípulos se manifesta. Alguns construtores encontram suas "obras" (isto é, convertidos) destruídas pelo fogo da aflição. Ainda que grandemente desapontados, esses mesmos construtores serão salvos desde que pessoalmente resistam ao fogo. Outros construtores regozijam-se grandemente porque aqueles a quem eles ensinaram perseveram na tribulação. Finalmente, aqueles que destroem o edifício com falso ensinamento e com divisão estão ameaçados com julgamento severo pelo Todo-Poderoso.
Perguntas para estudo pessoal:
  • De que modos os coríntios manifestavam carnalidade?
  • Qual era a diferença entre a obra de Paulo e a de Apolo (3:6)?
  • O que os materiais de construção representam em 3:12-15?
  • Por que não devemos gabar-nos?

1 Coríntios 4:1 - 5:13
A Posição de Paulo
A incompreensão do papel dos pregadores era um dos principais problemas dos coríntios. Para corrigi-los, Paulo usou como exemplos a si mesmo e Apolo. Ele discutiu:
Sua relação com Deus (4:1-6): Paulo era um administrador de Deus, incumbido de administrar sua preciosa revelação. Como tal, Deus era o seu juiz. Ele não estava sujeito nem aos irmãos coríntios nem a si mesmo. Uma vez que nenhum ser humano está qualificado para avaliar os servos de Deus, ele não permitia que as críticas o impedissem de cumprir as tarefas dadas por Deus. Uma vez que o homem pode facilmente enganar-se e convencer-se de que está certo, quando não está, ele não tinha confiança em sua própria aprovação. Seu brilho, sucesso, eloqüência e popularidade eram insignificantes porque Deus julgaria somente sua fidelidade.
Sua relação com o mundo (4:7-13): Paulo contrastou sua própria aflição com o triunfalismo deles. Enquanto eles se imaginavam ricos e sábios, Paulo era a escória da terra. Com ironia, ele os fez envergonharem-se de seu orgulho: "Que pena que nós, os apóstolos, não sabíamos que a vossa dispensação de glória já tinha começado!" Hoje muitos tentam tornar o cristianismo num meio de buscar a grandeza mundana. Cristo não prometeu sucesso e prosperidade na vida e aqueles que pensam de outra forma devem reler 1 Coríntios 4:7-13.
Sua relação com eles (4:14 - 5:13): Por evangelizar Corinto, Paulo se tornou, em certo sentido, o pai espiritual deles. Ele esperava que o imitassem (como ele imitava a Cristo) e os disciplinava quando necessário. A disciplina de Paulo incluiu instruções especiais a respeito de um homem da congregação que estava vivendo com sua madrasta. A igreja deveria agoniar-se diante desta flagrante desobediência mas, de fato, estavam orgulhosos de sua tolerância liberal. Paulo reprovou-os firmemente e lhes disse que se reunissem para entregar o homem a Satanás. Ele pretendia que apontassem publicamente o homem como infiel e não mais nas boas graças dos irmãos. Isso mostraria que ele agora estava no reino de Satanás, e não do Senhor. Eles também deveriam deixar de ter vida social com ele. Quando uma igreja tolera membros que se recusam a se arrepender do pecado, o corpo todo rapidamente fica infectado com a corrupção espiritual. A igreja deve identificar publicamente os membros imorais e cada membro deve evitar conviver com eles até que se arrependam.
Perguntas para estudo pessoal:
  • Como Paulo demonstrou a capacidade superior de Deus para julgar (4:5)?
  • Como era a vida de Paulo (4:9-13)?
  • Que passos uma igreja deve dar quando lidar com um membro imoral que se recusa a arrepender?
  • O que o fermento representa em 5:6-8? Qual é o ponto que Paulo está ensinando aqui?

1 Coríntios 6:1 - 7:40
Moralidade Cristã
Os cristãos, às vezes, falham nos pontos fundamentais da vida espiritual. Os coríntios procederam assim e Paulo escreveu para corrigi-los.
Demandas judiciais (6:1-11): Ainda que os coríntios aceitassem calmamente a gritante imoralidade em seu meio (capítulo 5), eles processavam seus irmãos, junto a justiça, por danos pessoais sem importância. Paulo ficou horrorizado ao ver que os cristãos que julgarão o mundo estavam resolvendo as diferenças entre si em tribunais humanos. Ele proibiu terminantemente os cristãos de processarem os outros cristãos. Ele os aconselhou a indicarem um irmão para arbitrar as disputas, ou melhor, para evitá-las definitivamente sofrendo a injustiça sem se queixarem.
Imoralidade sexual (6:12-20): Os cristãos abusavam de sua "liberdade" em Cristo reivindicando o direito de satisfazerem seus desejos sexuais como desejassem. Mas Paulo argumentou que a imoralidade sexual é inaceitável para um cristão: Œ Desde que a união sexual envolve a transformação em "uma só carne", a fornicação com efeito afasta o membro do corpo de Cristo que se une a uma meretriz.  Os pecados sexuais são contra nossos próprios corpos. Não existe sexo "ocasional". Ž  Deus habita no cristão; portanto, nada que seria errado no templo de Deus é justo no corpo do filho de Deus. A fornicação é tão terrível que não devemos parar para negociar com ela. Temos que fugir!
Questões sobre casamento (7:1-40): Os coríntios tinham feito a Paulo diversas perguntas por carta. No capítulo 7, Paulo começou a respondê-las. Eles queriam saber se a pessoa deveria mudar seu estado conjugal quando fosse convertida. Generalizando, Paulo disse que não. Ele ordenou que os casados continuassem casados e que satisfizessem os desejos naturais de seu cônjuge. Ele disse que os que fossem casados com não-cristãos não procurassem a separação, mas que permanecessem casados se o par incrédulo quisesse. Ainda que Paulo advertisse as viúvas e as solteiras de que a perseguição iminente poderia complicar suas vidas caso se casassem, ele enfaticamente afirmou que o casamento não era errado para aqueles que o desejassem muito.
O fato de ser um cristão não muda a profissão da pessoa, sua raça nem seu estado civil. Normalmente, quando alguém é chamado, continua no estado em que está. Há exceções claras, certamente. Por exemplo, se a ocupação da pessoa ou o casamento é pecaminoso, é preciso haver mudança. Aqueles que vivem em poligamia, homossexualidade ou adultério têm que separar-se do seu parceiro para servir ao Senhor. Mas se o relacionamento não for pecaminoso, o mesmo permanece quando a pessoa se converte.
Perguntas para estudo pessoal:
  • Liste os argumentos que Paulo apresentou para proibir os cristãos de processarem os seus irmãos.
  • Como a imoralidade sexual é um pecado especial (6:18)?
  • Sob quais circunstâncias Paulo permite que esposo e esposa se abstenham de relações sexuais (7:5)?
  • Quais opções uma pessoa divorciada tem (7:10-11)?

1 Coríntios 8:1 - 9:23
Carnes dos Ídolos: Ame a Teu Irmão
Os irmãos no primeiro século debatiam fortemente a questão de comer carne que tinha sido sacrificada aos ídolos. Uma vez que as festas dos ídolos eram ocasiões sociais importantes, a família e os amigos pressionavam os cristãos para assisti-las. Todos sabiam que um servo de Deus não poderia adorar ídolos, mas assistir a um festival de ídolo era outra questão e alguns dos coríntios acreditavam que era correto fazer isso. Paulo dedicou três capítulos a essa questão crucial. Ele começou mostrando como visitar templos de ídolos poderia "ferir" os demais discípulos e, portanto, ser contrário ao princípio de amar uns aos outros.
Respondendo aos argumentos deles (8:1-13): Paulo citou e refutou argumentos dos coríntios que favoreciam o comer carnes dos ídolos. í"Sabemos que todos temos conhecimento" (8:1 NVI). Os coríntios se orgulhavam do conhecimento e sabedoria que possuíam (capítulos 1-4). Paulo respon-deu que o amor supera o conhecimento, porque enquanto este ensoberbece, o amor edifica. Para visualizar a diferença, pense numa bolha e num edifício. í "Sabemos que o ídolo não significa nada no mundo" (8:4 NVI). O ponto crucial do argumento deles era que não fazia mal assistir a festas de ídolos porque estes não existem. Paulo respondeu dizendo que os ex-idólatras honravam, em seu coração, o ídolo, en-quanto assistiam. î Finalmente, eles diziam que a comida era indiferente para Deus (8:8). Eles estavam insistindo no seu direito de comer o que lhes agradasse, mas Paulo afirmou que o amor, e não a liberdade, deve guiar nossa conduta. O perigo era que o irmão "fraco", induzido pelo exemplo do cristão "forte", entrasse no templo e realmente adorasse o ídolo. Desta forma, este abuso dos "direitos" por parte do irmão forte era capaz de levar o irmão a pecar. Ser culpado de destruir o irmão por quem Cristo morreu é um assunto bem sério.
O exemplo de Paulo (9:1-23): Paulo observou como ele tinha renunciado aos seus "direitos" a favor do evangelho. Ele tinha pleno direito de receber sustento financeiro pela sua pregação, mas se recusava a receber isso deles. Uma vez que ele tinha renunciado ao seu direito de exigir um salário para aliviar a carga deles, certamente eles poderiam renunciar a alguma carne por amor à alma de um irmão fraco. Mais ainda, Paulo renunciou ao seu direito de ser ele mesmo, tornando-se todas as coisas para todos os homens, a fim de que ele pudesse ser mais eficiente no ganhá-los para Cristo. O exemplo de Paulo mostra que nenhuma quantidade de sacrifício próprio é demais. Os coríntios, portanto, deveriam deixar de comer a carne sacrificada aos ídolos por amor aos seus irmãos.
Perguntas para estudo pessoal:
  • O que o Novo Testamento ensina sobre comer carne sacrificada aos ídolos (Atos 15:19-29; Apocalipse 2:14-20)?
  • No capítulo 8, qual é o critério principal para determinar o que um cristão deve fazer nas situações delicadas?
  • Quais argumentos Paulo apresenta para ensinar que os pregadores têm direito a sustento financeiro?
  • No contexto, qual é o propósito de Paulo ao insistir tão enfaticamente que um pregador tem direito de receber sustento?

1 Coríntios 9:24 - 11:1
Carnes dos Ídolos: Ame a Deus
Ao escrever sobre as carnes sacrificadas aos ídolos Paulo tinha dois pontos a defender. Ele apresentou o primeiro no capítulo 8 (abstenha-se de carne por amor a teu irmão) e,então, deu duas ilustrações no capítulo 9 (eu renunciei ao meu direito ao sustento financeiro e a ser eu mesmo por amor do evangelho). Ele começou o segundo ponto com ilustrações (o atleta, 9:24-27 e os israelitas, 10:1-13) e, então, fez sua exortação (foge da idolatria 10:14-22).
Exemplos (9:24 - 10:13): Os atletas olímpicos são esforçados, disciplinados e concentrados. Eles forçam seus músculos até o limite e renunciam a prazeres normais em sua busca por uma coroa corruptível, a qual era, naquela época, feita de aipo seco. Não devem os cristãos serem mais esforçados, disciplinados e concentrados em sua busca pela coroa incorruptível no céu?
Os israelitas, no deserto, foram todos abençoados por Deus. Ele guiou a todos, batizou todos no Mar Vermelho e deu a todos alimento e bebida espirituais. Contudo, "a maioria" caiu no deserto. "A maioria" era 603.548 dos 603.550 homens. Todos, menos dois. Por que caíram? Eles festejaram em volta de um bezerro de ouro, cometeram imoralidade sexual associada com idolatria, etc. E por que Deus registrou estes acontecimentos? Não para aqueles que caíram (era muito tarde para eles), mas para nós, de modo que aceitando a advertência possamos evitar o julgamento que eles tiveram.
Fugindo da idolatria (10:14-22): Este é o ponto crucial do argumento de Paulo. Participar da ceia do Senhor une os cristãos a Cristo e aos outros cristãos. Participar do altar une os judeus ao altar e à adoração do Velho Testamento. Portanto, participar de festas idólatras também tem conseqüências. Paulo não estava ensinando que comer carne oferecida a ídolo une os cristãos a um "deus" imaginário, mas aos demônios que promoviam a idolatria. Não se pode participar da mesa do Senhor e ao mesmo tempo da mesa do ídolo.
Conclusões (10:23—11:1): Paulo finalizou a discussão considerando assuntos práticos. Algumas vezes sobras de carne de ídolo seriam vendidas no atacado ao açougueiro, que as revenderiam como qualquer outra carne. Uma vez que essa carne não foi fisicamente alterada pela cerimônia no templo, um cristão poderia comprá-la sem investigar a sua origem. Ele também poderia partilhar de uma refeição na casa de um vizinho pagão. Mas se fosse chamada a atenção para a carne como tendo vindo de um templo de ídolo, então ele deveria abster-se de comê-la por causa da consciência de outras pessoas. Tudo precisa ser avaliado por dois princípios: A glória de Deus (10:31) e o bem-estar de outros (10:32).
Perguntas para estudo pessoal:
  • Paulo ressalta quais aspectos do atleta?
  • Que paralelos você vê entre os pecados dos israelitas e os cometidos pelos irmãos que assistiam a festas de ídolos?
  • Qual é a razão principal pela qual Paulo condenou a participação em festas de ídolos?
  • Por quais dois princípios deve ser julgada toda a conduta cristã?

1 Coríntios 11:2-34
Relembrando as Tradições
O cristianismo se apoia num modelo fixo dado a nós pelo Senhor através dos apóstolos. Em geral, os coríntios estavam retendo firmemente as tradições que Paulo lhes havia entregue (2). Mas havia uma área na qual Paulo os repreendeu (17) e relembrou-lhes o ensinamento que lhes havia passado (23).
Liderança (11:2-16): Deus é o cabeça de Cristo, que é o cabeça do homem, que é o cabeça da mulher. Deus, o Criador, tem direito a determinar nossos papéis e devemos respeitar a hierarquia que ele estabeleceu. Sem dar muitos detalhes específicos, Paulo ensinou os homens a não cobrirem as suas cabeças quando oravam ou profetizavam e as mulheres a usarem véus quando oravam e profetizavam. Ele baseava seu apelo na natureza básica dos homens e das mulheres (7-9), nos anjos (10), no comprimento do cabelo dos homens e das mulheres (14-15) e na prática universal das igrejas (16).
A Ceia do Senhor (11:17-34): Os coríntios estavam abusando da ceia do Senhor. As divisões entre eles os levavam a não esperar para partilhar juntos, mas cada um comia o seu próprio alimento logo que possível, nada deixando para os outros. O ambiente era irreverente, e os pobres estavam sendo excluídos. Paulo deu diversas ordens específicas para corrigir a situação. Primeiro de tudo, a ceia do Senhor não era para ser transformada numa refeição comum. As refeições deveriam ser tomadas em casa, mas a ceia do Senhor era uma recordação solene da morte de Cristo. Segundo, ele ordenou que a ceia fosse observada reverentemente meditando na crucificação. Ele advertiu que aqueles que participassem sem uma séria reflexão seriam culpados do próprio corpo e sangue do Senhor. De fato, alguns já tinham sido castigados pelo Senhor porque não estavam participando corretamente. Finalmente, Paulo lhes disse para esperar uns pelos outros antes de começar a tomar a ceia do Senhor. Desse modo todos eles poderiam juntamente comer e recordar do Senhor.
Estes mesmos princípios precisam ser observados hoje. ì Eventos sociais fazem parte do trabalho do lar, e não da obra da igreja. A obra da igreja local é espiritual. í Devemos comemorar a ceia do Senhor com a máxima reverência, dando tempo para pensar sobre o sofrimento e o amor do Senhor e quanto lhe devemos. î A ceia deve ser comemorada por toda a congregação ao mesmo tempo. A ceia do Senhor pertence à reunião da igreja, onde o Senhor a colocou.
Perguntas para estudo pessoal:
  • Quais fatos Paulo apresenta para demonstrar o relacionamento entre homens e mulheres?
  • O que era bom nas divisões? (19)
  • Que devemos fazer durante a ceia do Senhor?
  • Onde as refeições normais devem ser comidas?

1 Coríntios 12:1 - 13:13
Dons Espirituais (1)
Os coríntios entenderam mal como os dons espirituais funcionariam, por isso Paulo escreveu para corrigir os equívocos deles.
Verdades sobre os dons espirituais
O conteúdo determina a autenticidade dos dons espirituais (12:1-3). No paganismo, a própria experiência era importante; o que era feito não importava. Em Cristo, o teste de cada dom é a mensagem que ele inspira seu possuidor a afirmar.  Uma vez que todos os diversos dons espirituais têm uma mesma fonte (12:4-11) não deveria haver rivalidade, ciúme ou comparação jactanciosa.  Todos os membros do corpo são necessários (12:12-26) porque todos são batizados por um Espírito em um corpo inteiro. Os membros não deveriam sentir-se inferiores ou superiores a outros membros porque Deus pôs cada um no corpo onde lhe agradou e deu a cada um as capacidades que ele quis.  Dons de ensino (apóstolos, profetas, professores) são mais importantes do que os dons espetaculares (milagres, curas, línguas) (12:27-31).  O amor é mais importante do que os dons espirituais (13:1-7). Mesmo que alguém fale línguas angelicais, sem amor isso é inútil. Ainda que se saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, sem amor não é nada. Mesmo que se dê tudo aos pobres e seja queimado numa fogueira, sem amor é vazio. ' Os dons espirituais foram temporários (13:8-13). Quando o perfeito (a revelação completa) veio, os dons espirituais acabaram. Como características infantis são descartadas quando a idade adulta é atingida, assim os dons espirituais ficaram obsoletos quando Deus completou a revelação de sua vontade no primeiro século.
Lições para nós

Ainda que os dons espirituais tenham cessado, os princípios que Paulo ensinou são importantes para nossa edificação.  Tudo deverá ser provado pelos critérios de sua concordância com o ensinamento do Senhor Jesus Cristo.  Todas as capacidades vêm de Deus, assim não devemos ser arrogantes pelas nossas.  Cada membro deverá ser valorizado e devemos pensar de nós mesmos como um corpo em Cristo.  O ensinamento é o alicerce de nosso crescimento e função.  Sem amor, todo o nosso serviço espiritual é inútil. ' Devemos prestar cuidadosa atenção à revelação completa que foi produzida pelo uso dos dons espirituais no primeiro século.
Perguntas para estudo pessoal:
  • Quais dons espirituais Paulo lista?
  • Todos os cristãos tinham todos os dons espirituais?
  • As questões de Paulo em 13:1-3 eram situações de fato ou possibilidades hipotéticas? Em outras palavras, ele falou em línguas de anjos, soube todos os mistérios e conhecimentos, e tinha dado seu corpo para ser queimado?
  • Quanto tempo a fé e a esperança tinham que durar (2 Coríntios 5:7; Romanos 8:24-25)?

1 Coríntios 14:1-40
Dons Espirituais (2)
Os coríntios tinham muitos problemas relacionados com o uso dos dons espirituais. Em resposta, Paulo observou que os dons eram temporários, durando até completar a revelação do Novo Testamento (13:8-13). Ele também lhes disse como usar esses dons durante a era na qual eles ainda estavam em vigor.
 
Tudo para edificação (14:1-19). A meta das reuniões cristãs tinha sido sempre a edificação, o desenvolvimento espiritual dos irmãos. A profecia edificava os coríntios porque ensinava, consolava e exortava. Mas falar em línguas (i. e., em outras línguas) nos cultos em Corinto não edificava porque somente Deus e a pessoa que falava sabiam o que estava sendo dito. O único modo pelo qual falar em línguas estrangeiras poderia edificar os coríntios era se alguém as traduzisse para a língua que falavam; de outro modo era como uma trombeta soando uma advertência ininteligível, inútil. Paulo não estava "rebaixando" as línguas porque ele não podia falá-las; ele podia. Mas sabia que as reuniões da igreja fortaleceriam os irmãos somente quando os presentes entendessem a linguagem que estava sendo falada.
 
O propósito das línguas (14:20-25). O verdadeiro papel das línguas era servir como um sinal para os incrédulos. Em Atos 2 os apóstolos falaram em línguas e pessoas de várias nações que tinham-se juntado para a festa judia do Pentecostes puderam enten-dê-los. A súbita capacidade dos apóstolos para falar línguas estrangeiras maravilhou a multidão e levou à conversão de 3000 em um só dia. Corinto não tinha milhares de pessoas de outras nações reunidas para uma festa. Quando os irmãos falaram em línguas estrangeiras ali, isso soava como algaravia. E pior, falavam todos ao mesmo tempo, compondo a confusão. Do modo como os coríntios estavam abusando das línguas, seria mais provável alguém ser convertido pela profecia (que era realmente para os crentes) do que pelas línguas.
 
Instruções especiais (14:26-40). Paulo deu regras minuciosas para o uso dos dons espirituais, regras que são quase sempre ignoradas por aqueles que declaram ter estes dons hoje em dia. Somente dois ou três oradores em línguas ou profetas deveriam falar em cada reunião. Cada um tinha que falar na sua vez. Nos cultos, nunca deveria ter diversas pessoas falando ao mesmo tempo. Nenhuma mulher deveria falar alto nas assembléias da igreja. O culto inteiro tinha que ser conduzido com decência e ordem. Os princípios por trás destas regras aplicam-se na adoração de hoje, também.

Perguntas para estudo pessoal:
  • Qual era a vantagem da profecia sobre as línguas?
  • Qual foi o problema que Paulo observou quanto a orar em outra língua?
  • Porque as mulheres não deviam falar nos serviços de adoração, de acordo com 14:34-35?
  • Quais regras são dadas para as assembléias neste capítulo? Quais dons espirituais Paulo lista?

1 Coríntios 15:1-58
A Ressurreição
Alguns mestres ensinavam que não havia ressurreição dos mortos. Para refutar esta falsa doutrina, Paulo primeiro estabeleceu uma base comum com seus leitores, afirmando a ressurreição de Cristo. A evidência da ressurreição de Cristo é esmagadora. Não há confirmação mais forte de um evento histórico do que testemunho ocular. No caso de Jesus, mais de quinhentas pessoas viram Jesus vivo depois que ressurgiu. Sua ressurreição não pode ser razoavelmente negada, e assim prova que há ressurreição dos mortos.
Conseqüências da ressurreição de Cristo (15:12-28). Cristo ou foi ressuscitado ou não. Se não foi, então a pregação apostólica foi em vão, porque acusavam Deus de algo que ele não tinha feito, e a fé é vã porque se apóia na res-surreição de Cristo. Se Cristo foi ressusci-tado então todos os crentes serão ressus-citados com ele. Cristo foi os primeiros frutos, um sinal e uma garantia de farta colheita. Observe o raciocínio de Paulo: a meta máxima de Deus para o universo é que Cristo retorne o governo a Deus depois de derrotar todos os inimigos. O último inimigo a ser derrotado é a morte, a qual Cristo venceria pela ressurreição. Sem esta, Cristo não venceria o último inimigo. Ele não retornaria o reino a Deus, que não seria o supremo rei. A negação da ressurreição frustra todo o plano de Deus para o universo.

Se não há ressurreição (15:29-34). Se não há ressurreição, o batismo não tem sentido. Se for assim, aqueles que estavam sendo batizados acreditando na ressurreição estavam apenas sendo bati-zados para os mortos, para a sepultura. O sofrimento de Paulo e as escapadas por um triz da morte foram absurdas se esta vida é tudo o que existe. De fato, se não há ressurreição, deveríamos viver intensa-mente aqui, porque amanhã morreremos.
Como são ressuscitados os mortos? (15:35-58). Os oponentes de Paulo objetaram contra a ressurreição porque não podiam imaginar como poderia acontecer. Paulo explicou a ressurreição por analogia. Enterrar um corpo é como plantar uma semente, porque a planta brota da semente, mas não se parece com ela. O corpo ressurgido sai do corpo enterrado, mas não se parece com ele. Deus tem muita experiência em preparar corpos adequados, por isso será capaz de providenciar facilmente um corpo adaptado a nossa existência eterna. Quando Cristo retornar, os mortos serão ressuscitados com corpos glorificados, os vivos serão mudados instantaneamente e todos serão levados ao grande julgamento do trono de Deus. A promessa de ressurreição deve motivar todos a perseverar e abundar no Senhor.
Perguntas para estudo pessoal:
  • Como Paulo provou a ressurreição?
  • Quais são as conseqüências de negar a ressurreição?
  • Como a ressurreição se encaixa no plano máximo de Deus para o universo?
  • Como deve nossa fé na ressurreição fazer-nos viver?

1 Coríntios 16:1-24
Instruções Finais
Ao concluir 1 Coríntios, Paulo deu várias instruções.
 
Coleta (16:1-4). Muitos textos relatam a coleta que Paulo dirigiu para os cristãos pobres de Jerusalém (2 Coríntios 8-9; Romanos 15:22-33; Atos 24:17). Esta coleta ilustra princípios importantes: 
ŒO Novo Testamento é um projeto para todas as igrejas. As diretrizes que Paulo tinha dado às igrejas da Galácia e mais tarde daria às igrejas da Macedônia (2 Coríntios 8:1-5) eram as mesmas que ele estava dando a Corinto. Havia uniformidade de doutrina e prática entre os irmãos primitivos (1 Coríntios 4:17) que era um reflexo da unidade do próprio Deus (Efésios 4:4-6).  A doação deveria ser semanal. Paulo acertou o domingo como o dia em que os cristãos devem contribuir para a caixa comum. Ž A contribuição deve ser de acordo com a prosperidade da pessoa. O Novo Testamento não tem nenhuma declaração da quantidade exata ou porcentagem a ser dada. Quanto mais prosperamos por Deus, tanto mais devemos dar.
 
Visitas (16:5-12,15-18). Paulo planejou ficar em Éfeso até o Pentecostes e então esperava visitar Corinto e passar o inverno com os irmãos de lá. Ele reconhecia que estes planos dependiam de Deus (7). Muitos adversários confrontaram Paulo em Éfeso (9), mas ele não os viu como um sinal de que não estava fazendo a vontade de Deus. Além do mais, o evangelho costuma provocar oposição. Timóteo provavelmente visitaria Corinto também e Paulo queria que o respeitassem (10-11). Apolo, apesar do forte encorajamento de Paulo, decidiu não ir ainda. Estéfanas e dois outros irmãos saíram de Corinto para visitar Paulo e passaram algum tempo ajudando-o. Agora estavam retornando a Corinto. O trabalho duro destes homens deveria merecer o respeito e a cooperação de todos os irmãos.
 
Várias exortações (16:13-14,19-24). Paulo podia juntar muitas coisas num pequeno espaço. As exortações dos versículos 13 e 14 podem ser lidas em segundos, mas exigem trabalho real para se aplicarem. Ele os encorajou a estarem alertas e vigilantes, permanecerem firmemente no Senhor, a serem corajosos, fortes, e amarem sempre. Ele também queria que os coríntios saudassem uns aos outros afetuosamente e enviou suas saudações a eles. O próprio Paulo escreveu a saudação final (compare 2 Tessalonicenses 3:17; Gálatas 6:11; Colossenses 4:18; Romanos 16:22; Filemom 19). 1 Coríntios começa e termina com o Senhor. Jesus é mencionado em cada um dos primeiros 10 versículos do livro e também nos últimos três.

Perguntas para estudo pessoal:
  • Quais lições podemos aprender sobre a coleta, nesta passagem?
  • Por que Paulo não planejava ir até eles mais cedo?
  • Por que Paulo os encorajava tanto a respeitar Estéfanas e seus amigos?
  • Faça uma lista dos principais tópicos tratados em 1 Coríntios.