terça-feira, 29 de agosto de 2017

Identidade Cristã

Conhecimentos Gerais

PARTE 1 – A BÍBLIA

A palavra “Bíblia” vem do grego e significa “livro”, um nome apropriado, já que a Bíblia é o Livro para todas as pessoas, de todos os tempos. É um livro sem igual, sozinho em sua classe. Sagrado para os cristãos, é a palavra de Deus, que foi registrada por escrito para responder às grandes perguntas da humanidade e nos ensinar a viver (2 Timóteo 3:16-17).
Sessenta e seis livros fazem parte da Bíblia. Eles incluem livros da lei, tais como Levítico e Deuteronômio; livros históricos, tais como Esdras e Atos; livros de poesia, tais como Salmos e Eclesiastes; livros de profecia, tais como Isaías e Apocalipse; biografias, tais como Mateus e João; e epístolas (cartas formais), tais como Tito e Hebreus. 


Os livros da Bíblia

LIVROS CANÔNICOS
O termo “cânone” (ou “cânon”) é usado para descrever os livros que foram divinamente inspirados e, por isso, pertencentes à Bíblia. O aspecto difícil em determinar o cânone bíblico é que a Bíblia não nos dá uma lista dos livros que a ela pertencem. Determinar o cânone foi um processo, primeiro por rabinos judeus e eruditos, e depois, mais tarde, por cristãos primitivos. Certamente foi Deus quem decidiu que livros pertenciam ao cânone bíblico. Um livro ou Escritura pertenceu ao cânone a partir do momento que Deus inspirou sua autoria.
Em comparação ao Novo Testamento, houve pouca polêmica a respeito do cânone do Velho Testamento. Crentes Hebreus reconheceram os mensageiros de Deus e aceitaram o que escreveram como inspirado por Deus. Houve, inegavelmente, algum debate a respeito do cânone do Velho Testamento. Entretanto, por volta de 250 d.C. houve uma concordância quase universal a respeito do cânone das Escrituras Hebraicas. A única pendência foi sobre os Apócrifos, com algum debate e discussão que se estende até hoje. A vasta maioria dos eruditos hebreus consideraram os Apócrifos como bons documentos históricos e religiosos, mas não no mesmo nível das Escrituras Hebraicas.
Para o Novo Testamento, o processo de reconhecimento e compilação começou nos primeiros séculos da igreja cristã.

1    1.    Estímulos para a formação do Cânon do Novo Testamento

1.1  Estímulo eclesiástico
A Igreja Primitiva tinha necessidades internas e externas que exigiam o reconhecimento dos livros canônicos. Internamente havia a necessidade de saber que livros deveriam ser lidos nas igrejas, de acordo com a prática prescrita pelos apóstolos para a igreja do Novo Testamento (1 Ts 5:27). Do lado de fora da igreja, estava a necessidade de saber que livros deveriam ser traduzidos para as línguas estrangeiras das pessoas convertidas. Sem uma lista de livros reconhecidos e aprovados, seria difícil essa tarefa. A combinação dessas forças exerceu pressão sobre os primeiros pais da igreja para produzirem uma lista oficial dos livros canônicos.

1.2  Estímulo teológico
Outro fator dentro do cristianismo primitivo estava exigindo um pronunciamento oficial da igreja a respeito do Cânon. Visto que toda Escritura era proveitosa para a doutrina (II Tm 3:16-17), tornou-se cada vez mais necessário definir os limites do legado doutrinário dos apóstolos. A necessidade de saber que livros deveriam ser usados para ensinar a doutrina com autoridade divina tornou-se essencial por causa da multiplicidade de livros heréticos que reinvidicavam autoridade divina.
Quando o herege Marcião publicou uma lista de livros canônicos, que continha apenas o evangelho de Lucas e 10 cartas de Paulo (omitindo I e II Timóteo e Tito), fez-se urgente a necessidade de uma lista completa. A igreja viu-se presa em meio à tensão provocada de um lado por pessoas que queriam acrescentar livros à lista e por outro lado por pessoas que queriam eliminar alguns livros, de modo que o ônus da decisão recaiu sobre os primeiros pais da igreja, que tiveram que definir com precisão os limites do cânon sagrado.
1.3  Estímulo político
As forças políticas também passaram a pressionar e influenciar a Igreja Primitiva. As perseguições de Diocleciano (302-305 dC) representaram um forte motivo para a definição final dos livros canônicos. De acordo com o historiador Eusébio, houve um edito imperial, nessa época, ordenando que “as Escrituras fossem destruídas pelo fogo”. Ironicamente, 25 anos antes o imperador Constantino dizia ter se “convertido” e deu ordens a Eusébio para que preparasse e distribuísse 50 exemplares da Bíblia.
A ordem da destruição dos livros motivou um exame sério a respeito de quais livros deveriam ser preservados.
O Novo Testamento havia sido escrito durante a última metade do século I. A maior parte dos livros havia sido escrita na forma de cartas para as igrejas locais (ex: Coríntios) e alguns haviam sido dirigidos a pessoas em particular (ex Filemon). Outros livros foram destinados a auditórios mais amplos, como a Ásia Oriental (II Pedro), Europa (Romanos). Algumas das cartas podem ter sido enviadas de Jerusalém (Tiago) e outras de Roma (I Pedro). Ou seja, havia uma grande diversidade geográfica de origens e destinatários, por isso nem todas as igrejas tinham cópias de todos os livros inspirados do Novo Testamento. Além disso, havia dificuldades tanto de transporte quanto de comunicação por isso houve necessidade de algum tempo até que houvesse um reconhecimento geral de todos os 27 livros do Novo Testamento.
Apesar das dificuldades, a igreja primitiva começou de imediato a reunir todos os escritos apostólicos que pudesse autenticar.
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     2. Os critérios de canonicidade
Os concílios se basearam em algo similar aos seguintes princípios para determinar se um livro do Novo Testamento era realmente inspirado pelo Espírito Santo: 1) O autor foi um apóstolo, ou teve uma estreita ligação com um apóstolo? 2) O livro é aceito pelo Corpo de Cristo como um todo? 3) O conteúdo do livro é de consistência doutrinária e ensino ortodoxo? 4) Este livro contém provas de alta moral e valores espirituais que reflitam a obra do Espírito Santo?
Novamente, é crucial recordar que a igreja não determina o cânone. Nenhum concílio primitivo determinou o conteúdo do cânone. Foi Deus, e unicamente Deus quem determinou quais livros pertenciam à Bíblia. Foi simplesmente questão de Deus convencer Seus seguidores a fazer o que Ele já havia decidido. O processo humano de reunir os livros da Bíblia foi imperfeito, mas Deus, em Sua soberania, e apesar de nossa ignorância e teimosia, levou a igreja primitiva ao reconhecimento dos livros que Ele havia inspirado.
A Bíblia não é invenção humana, nem tampouco da igreja. Não é o tipo de livro que alguém gostaria de escrever e, ne se quisesse, poderia. A Bíblia é, foi e sempre será a Bendita Palavra de Deus, especialmente para todos os cristãos, servos do Senhor Jesus Cristo.
Desde o início, havia em circulação escritos falsos, não apostólicos e, portanto, não fidedignos. Havia relatos fantasiosos a respeito da vinda de Cristo e por isso os escritores se preocuparam em autenticar suas cartas e mostrar pesquisas criteriosas (LC 1:1-4).
Os crentes da Tessalônica foram advertidos contra cartas falsas que foram enviadas em nome do apóstolo Paulo ( I Ts 2:20). Além da assinatura do apóstolo, as cartas inspiradas eram levadas por pessoas de confiança da parte do apóstolo (II Ts 3:17, Fp 2:28, Gl 6:11, Ef 6:22).
No final do evangelho do apóstolo João, ele declara que Jesus fez muitos outros sinais que não estavam contidos no seu Evangelho (Jo 20:30), ou seja, poderiam haver outros livros narrando a vida e as obras de Jesus, mas o mesmo João alerta sobre o perigo das lendas e crendices dentro do cristianismo e, na sua primeira carta, ele exorta a provar os espíritos (I Jo 4:1).
Resumindo, quando a igreja teve condições de parar e analisar, já era sabido que existiam livros autorizados por Deus e livros não autorizados por Deus. Essa foi a primeira “peneira”, selecionar os livros fidedignos.
2.1  Seleção dos livros fidedignos

2.2  Apostolicidade
Esse critério não foi imposto pela igreja, mas pela própria revelação de Deus. Os apóstolos, testemunhas oculares e companheiros do ministério de Cristo, eram as pessoas que tinham condições de decidir quais eram as verdadeiras palavras a respeito de Cristo, fosse oral ou fosse escrita. Com esse critério a lista de livros foi bastante reduzida.
J Testemunho de João (I Jo 1:1-3)
J Testemunho de Pedro (II Pe 1:16)
J Testemunho de Paulo (Rm 1:1-2)
J Testemunho da igreja (At 2:42)
J Testemunho do próprio Deis (Hb 2:3-4; 1:1-4)

2.3  Universalidade
Por esse critério, o livro canônico deveria ser aceito, reconhecido e utilizado pela igreja como um todo. Os livros canônicos foram determinados pela igreja e o Concílio apenas oficializou quais eram os livros que a igreja reconhecia como inspirados por Deus.
Alguns dizem que o Concílio impôs o Cânon à igreja mais isso não é verdade.

2.4  Leitura autorizada
Por esse critério, os livros que tinham a leitura autorizada nas igrejas, seriam considerados canônicos. Quando afirmamos que a Igreja determinou os livros canônicos, significa que era uma prática da igreja ler estas cartas desde o tempo apostólico (I Ts 5:27). Em 1 Tm 4:13, Timóteo foi instruído a apresentar a mensagem de Paulo às igrejas ao lado das Escrituras do Antigo Testamento.
A leitura em público da Palavra de Deus era um costume antigo, praticado por Moisés (Ex 24:7) e Josué (Js 8:34). Paulo orientou a igreja neotestamentária a ler as suas epístolas (Cl 4:16). João escreveu em Apocalipse 1: “3 Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo”

2.5 Ortodoxia
Por esse critério, o livro para ser canônico deveria concordar com os ensinos apresentados nos outros livros que já haviam sido reconhecidos como inspirados por Deus, ou seja, não poderia haver contradições entre livros divinamente inspirados. O livro de Tiago demorou um pouco para ser reconhecido por causa de uma aparente discrepância com os ensinos de Paulo acerca da salvação pela graça.

2.6  Praticidade
Para ser canônico, o livro deveria ter um efeito moral edificante, ou seja, deveria ser usado e aceito como um livro rico em ensinos doutrinários e reconhecidamente útil para a edificação espiritual da igreja. Este critério também é chamado de “Teste de Inspiração”, pois o livro deveria ter evidências de que era, de fato, inspirado por Deus por meio de sua praticidade.

                     2.7 Reciprocidade apostólica
No Novo Testamento encontramos algumas vezes os escritores inspirados reconhecendo outros escritos inspirados, isso seria um critério para o livro ser considerado canônico.
Pedro, por exemplo, sugere que teria uma coleção das cartas de Paulo, as quais ele colocava ao lado das outras escrituras (II Pe 3:15-16). Estas cartas não foram escritas diretamente para Pedro, mas para as igrejas espalhadas por todo o mundo na época.
Judas menciona a autoridade do apóstolo Pedro (v17-18) e Paulo menciona os Evangelhos de Lucas e Mateus, colocando-os no mesmo patamar que os livros do Antigo Testamento, chamando-os de Escrituras (I Tm 5:18, conforme Lc 10:7 e Mt 10-10).
                      2.8 O testemunho dos pais da igreja
Após a era apostólica, encontramos nos escritos dos primeiros pais da igreja o reconhecimento de todos os 27 livros do Novo Testamento. Além destes, as mais antigas listas canônicas e o pronunciamento dos concílios eclesiásticos juntos constituem o elo de reconhecimento desde a concepção do cânon, nos dias dos apóstolos, até a confirmação irrevogável da igreja universal, no fim do século IV.
Novo Testamento encontramos algumas vezes os escritores inspirados reconhecendo outros escritos inspirados, isso seria um critério para o livro ser considerado canônico.
Pedro, por exemplo, sugere que teria uma coleção das cartas de Paulo, as quais ele colocava ao lado das outras escrituras (II Pe 3:15-16). Estas cartas não foram escritas diretamente para Pedro, mas para as igrejas espalhadas por todo o mundo na época.
Judas menciona a autoridade do apóstolo Pedro (v17-18) e Paulo menciona os Evangelhos de Lucas e Mateus, colocando-os no mesmo patamar que os livros do Antigo Testamento, chamando-os de Escrituras (I Tm 5:18, conforme Lc 10:7 e Mt 10-10).